LINA STEFANIE

LINA STEFANIE

Quem sou eu

São Lourenço da serra, São Paulo, Brazil
Uma jovem de 26 anos de idade moradora de uma cidade do interior e que tem metas na vida, uma delas publicar o livro que acaba de escrever e cujo título inicial é Desejos de um vampiro.

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

No ônibus 1º Dia

O céu já estava escuro quando sai da viela escura onde me escondia.
As pessoas já caminhavam apressadas esbarrando umas às outras, desviando das poças de água que se multiplicavam pelas ruas da cidade.
Eu estava protegida da água, vestia um sobretudo preto de couro sintético e botas de cano longo. Poderia passar despercebida se não fosse pela brancura indiscutivel da minha pele e o comprimento de minhas unhas. Me camuflava perfeitamente entre os góticos e outros grupos, mas entre os trabalhadores comuns eu me sobressaia e lhes chamava a atenção. Na situação em que me encontrava parecia mais uma viciada que não se alimentava à dias. Na realidade sou mesmo uma viciada e não me alimento há alguns dias.

Eu corri um pouco para alcançar o ponto de ônibus, tive sorte de que havia mais algumas pessoas à espera da condução. Fui a última a subir, joguei algumas moedas na mão do cobrador, o qual não fez questão de conferí-las. Passei a catraca e procurei um lugar para sentar. Achei um assento no fundo e me sentei. O ônibus não estava lotado, mas eu me sentia sufocada por todos aqueles odores humanos, diversos perfumes misturados e já vencidos. Os humanos tem cheiros diferentes e inebriantes, mas teimam em camuflá-los com fragrâncias artificiais.
Era dificil e ao mesmo tempo excitante estar entre eles. Testar meus próprios limites era algo que me fazia superior aos demais.

Algo de repente me chamou  a atenção. Um homem entrou pela porta traseira. Olhou ao redor e seu olhar frio por um instante cruzou o meu.
Trazia uma bolsa na mão direita. Ficou de pé.
Vasculhando sua mente descobri que se tratava de um policial. Seu jeito não me enganaria tão facilmente.
Tornou-se interessante observá-lo. Era uma vítima em potencial.
O ônibus ia a uma velocidade lenta. A chuva ainda caía. A noite estava escura. Em certo momento o ônibus parou e entrou um homem pela porta de trás e outro pela da frente. Logo anunciaram um assalto. Um deles rendeu o cobrador e o outro foi recolhendo os pertences das pessoas. Permaneci no meu lugar, não tinha o que temer e nem mesmo o que ser roubado.
O policial observava a cena e pensava em uma forma de reagir. Vi logo que não era uma boa ideia, mas deixei as coisas acontecerem.
Quando um dos ladrões se aproximou ele não pensou duas vezes, sacou de sua arma e atirou à queima roupa. O homem tombou de lado. Quando o outro ladrão percebeu que seu parceiro estava morto apontou a arma em direção ao policial. O tiro pegou de raspão no policial e pela proximidade me acertou também. A esta altura as pessoas já gritavam desesperadas e se jogavam no chão. A situação se tornou incontrolável.
Neste momento o ladrão já havia fugido.
O policial não importou-se com seu ferimento e sim, comigo.
- Você está bem? - ele perguntou.
Balancei a cabeça positivamente.
- A situação vai ficar meio complicada. Eu acho que será melhor se eu não estiver por aqui... Se me entende?
Concordei.
O melhor que fiz neste instante foi mesmo segurar em seu braço e sair com ele daquele ônibus. Andamos o mais rápido que conseguimos, ou melhor, que ele conseguiu.
Meu policial não entendeu a minha reação, mas não resistiu e me acompanhou. Lvei-o para meu esconderijo.

Continua...
...